sexta-feira, 27 de julho de 2012

FREUNDE VON FREUDEN - GUTO REQUENA

Freunde von Freunden é uma revista internacional de entrevista, que retrata personalidades do mundo das artes, da arquitetura, da moda e demais áreas afins. Mas o mais interessante é que além das pessoas falarem sobre o que lhes move na vida, a revista tem o intuito de mostrar seus estilos de vida, principalmente os locais onde habitam (casa, trabalho). A forma como imprimem nos espaços suas próprias personalidades, fugindo de qualquer padrão imposto e enaltecendo apenas o que faz parte do universo de cada um, os transformam em lugares realmente inspiradores. Na maioria dos casos são extremamente despretensiosos e simples, mas cheios de beleza, charme e criatividade!!!
Hoje vou postar aqui a entrevista com o arquiteto brasileiro Guto Requena.




















Como você se define profissionalmente?
Curioso, inquieto e inacabado – sempre acho que tenho de aprender mais ou conhecer coisas diferentes. Sou fascinado pelas possibilidades que as novas tecnologias de informação e comunicação nos oferecem. Neste momento, um dos assuntos que mais me atrai é o impacto da cibercultura em nosso cotidiano, no design e na arquitetura.
Como você reconhece uma boa peça de design?
Ela deve contar uma boa história. A beleza não precisa estar no produto, mas no processo de criação. Acredito que o bom design deve carregar o DNA do seu criador, a sua região e o seu tempo.
Quais arquitetos e designers você admira? Por quê?
Me interesso por designers e arquitetos que valorizam e se entregam ao processo de criação e não apenas ao resultado. Gosto daqueles que imprimem características originais e verdadeiras ao seu trabalho e não dos que seguem tendências. Admiro muito o trabalho de Tokujin Yoshioka, Nemo, Kaas Oosterhuis, Maarten Baas, LarsSpuybroek, Hella Jongerious e Greg Lynn.
Por que você decidiu viver em São Paulo? Sua profissão influiu nessa escolha?
Sou de Sorocaba, cidade a 100 quilômetros da capital paulista. Passei momentos ótimos no sítio da minha família, em meio ao verde e convivendo com animais. Acredito que esse contato com a natureza contribuiu muito com a minha formação. Quando cresci também estudei no interior, na cidade de São Carlos.
No entanto, as grandes metrópoles sempre me fascinaram. São Paulo é uma cidade complexa, com muitas questões em aberto e problemas a serem resolvidos. Portanto, tem um grande potencial para arquitetos, designers e urbanistas. Por isso escolhi morar aqui.
Para quem não conhece a cidade, de que maneira você explicaria como ela é?
São Paulo é especial, uma cidade de belezas escondidas. É possível amá-la e odiá-la com a mesma intensidade. É uma metrópole com poucas belezas naturais, seu encanto está na paisagem artificial, no concreto e no fluxo de informações que circula 24 horas por dia. Adoro como a natureza, insistente, se apropria do concreto, dos pequenos buracos nas fachadas dos prédios e nas rachaduras das calçadas.
São Paulo é mestiça, tem diferentes raças, classes sociais, tecnologia e manifestações de natureza.
O que você mais gosta de fazer nas redondezas da sua casa?
A melhor coisa do meu apartamento é a localização. Estou num importante centro cultural da cidade, na Avenida Paulista, próximo de inúmeras salas de cinema, museus, galerias, restaurantes, bares, discotecas e serviços 24 horas.
Há cinco anos decidi viver sem carro. Então, morar no local não poderia ser melhor, pois estou próximo de todos os meios de comunicação. Optei por comprar uma bicicleta também e me deslocar para diferentes lugares com ela.
E dentro de casa, o que você mais gosta?
Das memórias que ela me traz. Dos amigos, das festas e dos jantares com minha família. A vista também é linda, consigo enxergar a Serra da Cantareira, na Zona Norte de São Paulo, e o estádio do Pacaembu, um dos mais bonitos da cidade. Isso faz muita diferença – consigo ver o horizonte e contemplar a natureza sempre que quero.
Quais são os principais destaques do seu apartamento?
O projeto se chama “Bohemian Cyborg” e é resultado de uma pesquisa sobre as transformações do jeito de viver do ser humano. Busquei romper a divisão interna convencional, que setoriza nossas casas em área social, ala íntima e de serviços.
Meu apartamento tem uma planta flexível, elaborada em torno de um núcleo composto por áreas molhadas (cozinha, lavanderia e banheiros), a partir de móveis com rodízios e luzes que permitem a criação de diferentes cenários.
Quais foram as principais propostas para a ambientação do projeto?
Busquei resgatar memórias da minha vida e da minha família a partir de objetos garimpados na casa de parentes e em depósitos de móveis usados em São Paulo. Ao mesmo tempo, queria que o apartamento fosse bem-humorado, brasileiro e com muito verde (tenho cerca de 40 plantas).
Você apostou no reaproveitamento de materiais para compor alguns itens da casa. De onde partiu essa decisão?
Apostar no reaproveitamento de materiais é uma das características do meu trabalho – busco reaproveitar peças e materiais que iriam para o lixo. Acredito que se olharmos com mais atenção à nossa volta podemos encontrar design em qualquer coisa.
O apartamento reflete seu modo de vida de quais maneiras?
Busquei construir um espaço que fosse aconchegante e prático. Ele reflete meu momento pessoal e profissional, além de estar de acordo com os princípios que busco em meus projetos.
Interview: Juliana Duarte
Photography: Fran Parente



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